terça-feira, 14 de julho de 2009

Por de trás, do detrás

matéria publicada no blog Cenas Curtas, do Galpão Cine Horto.

A fila na porta do Galpão Cine Horto já denunciava mais uma noite de sucesso de público do 10º Festival de Cenas Curtas. Lá dentro no camarim, os atores já se concentravam para o grande momento; à hora de entrar no palco. São 15 minutos, mas a ansiedade e dedicação são dignas de horas de espetáculo. Cada um a sua maneira vai preparando o corpo e alma que daí a alguns minutos vão viver outras e intensas emoções. “Mesmo já tendo apresentado várias vezes o espetáculo, na hora sempre dá um nervosismo”, contou Rafaela Kênia, integrante do grupo Caixa 4, que apresentou a cena “Caixinha de Surpresas”, a primeira da noite.

Os minutos vão passando e ansiedade vai se misturando com tensão. As luzes ficam menos intensas para não interferir no trabalho de montagem e preparação do cenário e deixam o ambiente mais introspectivo para os atores. Momentos de profundo silêncio são intercalados com risos e um abraço coletivo. Alguém desavisado que passe pelo local pode achar que se trata de uma oração, mas os risos fazem com que esta impressão seja logo descartada. Pulos, longos e profundos suspiros, troca de olhares, pra quem vê toda essa movimentação é como se tudo já fosse parte da interpretação do espetáculo.

O barulho da platéia ao fundo serve de trilha sonora. “São quantas horas? 20h50!” O entra e sai dos técnicos denúncia que a infinita espera está próxima do fim. Atrás das cortinas gestos e sinais de confirmação das marcações. Tudo deve sair perfeito. Afinal, a mostra é competitiva. O anúncio do vídeo que conta a história dos 10 anos do Festival de Cenas Curtas faz aumentar os pulos, alongamentos e repetições do texto em voz baixa, que a essa altura, mas parece um mantra. Já são 21h16. “Essa espera me deixa mais tensa”, afirmou Larissa Metzker, já prestes a ocupar seu lugar no cenário. Enfim, chegou o momento.

No palco as atores colocam todo seu trabalho e sensibilidade naquele momento. “Hoje é uma celebração”, comemorou Tião Vieira, ator e diretor da Cena. Os 15 minutos passam muito rápido e todos já estão de volta ao camarim. Agora o semblante é outro, é de alívio, sensação de dever cumprido. De acordo com Vieira, este momento com tudo que ele representa é o que dá prazer. “O gostoso é o processo, são todas as pessoas que abraçam o projeto”, confessa. O momento é de relaxar e avaliar a apresentação sobre a ótica de quem sabe o que e em que momento, determinada coisa deveria acontecer. Nisso não cabe o público participar, faz parte do processo criativo e de evolução de cada peça. Os fortes e longos suspiros, dessa vez, são de comemoração. “Agora tudo tranqüilo”, exclamou Larissa.

Outra equipe que trabalha muito e sente bem esse momento antes de cada cena ser apresentada são os técnicos. Cenário, luz, e toda movimentação que rola atrás das cortinas antes de cada apresentação é feita com muito cuidado e também correria. Tudo que estar perfeito para que o trabalho dos artistas aconteça da melhor maneira. E essa expectativa de que nada dê errado, une artistas e técnicos.

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